por Juan Esteves A fotografia hoje está cada vez mais longe de ser definida devido à variedade ilimitada de suas interfaces. A multiplicidade dos meios recai sobre o fotógrafo, inevitavelmente de maneira cruel e aumenta a dificuldade de se ter um trabalho pessoal, mais autoral, para quem trabalha envolvido em imagens tão díspares como distantes de seus anseios íntimos. A fotógrafa Denise Andrade é uma exceção. Consegue achar um tempo dentro de um trabalho que lhe ocupa a maior parte da vida, para produzir detalhes de sua visão mais interior se libertando da geografia a que, por obrigação está limitada, mas que por paixão pelo que faz executa com grande talento. Formada em Artes Plásticas e com vários cursos técnicos em fotografia e mestrado, chegou até mesmo a trabalhar no Instituto Florestal como laboratorista. Também fotografou música e dança, antes de aportar na Brasil Connects e ser uma das responsáveis pela parte fotográfica de seus importantes projetos.
Os catálogos da Bienal do Redescobrimento e da mostra O Tesouro dos Mapas foram feitos por ela, apenas para citar dois, já que ela produziu também todos os outros. Além disso ela cuida do envio de imagens para imprensa, fotografa a cenografia dos eventos e até mesmo para os seguros de obras. Cobre os eventos de lançamentos, seminários e festas e acompanha as mostras quando elas viajam pelo exterior ("a melhor parte", segundo ela) , o que é muito freqüente. Tudo isso e ainda encontra tempo para criar os dois filhos! Denise utiliza-se de todas as mídias disponíveis para realizar seu trabalho profissional e pessoal. Vai do formato médio, exigido pela qualidade da empresa, ao digital, passando pelo 35mm convencional. Suas fotos pessoais se misturam também nas mídias, devido à oportunidade. E não é raro que ela transforme uma imagem de trabalho em uma autoral, onde consegue imprimir seu lado mais criativo.
PAIXÃO Para ela , a fotografia é uma paixão. Com ela concordam os grandes fotógrafos: Não há como não ser apaixonado pelo que se faz e ser um bom fotógrafo ao mesmo tempo. As duas coisas fatalmente andam juntas . Afinal sem a paixão não se agüenta a demanda e o trabalho se torna burocrático. Para ela, fotografar, ver fotografia e até mesmo ver os outros fotografarem é uma espécie de ar que precisa ser respirado constantemente para sua própria sobrevivência. Admirar os trabalhos de fotógrafos como Cássio Vasconcellos, Claudio Edinger e Cristiano Mascaro faz parte de sua existência assim como a literatura de Clarisse Lispector, João Ubaldo Ribeiro e até mesmo a semiótica do italiano Umberto Eco. É claro que a fotógrafa encontrou um excelente parceiro para exercer seu trabalho. A variedade das mostras produzidas pela Brasil Connects é proporcional a sua qualidade e alto nível além de colocá-la em contato com o melhor da arte mundial. Neste ponto é inegável a assimilação cultural que fica impregnada nas suas imagens, sejam elas retratos feitos pelas suas viagens e até mesmo nas suas imagens de São Paulo. Afinal, fotografia é, acima de tudo, uma troca. A boa fotografia é quando os dois saem ganhando! |
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